sexta-feira, janeiro 29, 2016

A encomenda do Pai Natal - Quiet-Book

Quiet-Book

Menina Ana João
Menino João Tiago 

Este foi sem dúvida o Grande Projecto, desafio, que mãe e índios se propuseram fazer nesta grande lista do Pai Natal.
Primeiro, porque quem o ia receber é uma estrelinha especial.
Segundo porque, TODOS, digo todos, pachá, que disponibilizou a mãe totalmente para o projecto, índios, não fazendo as birras do fim do dia, e môi même, pondo em segundo plano as corridas, as unhas pintadas e afins, tiveram de se empenhar a sério no projecto, para que não falhasse.
Terceiro, porque teríamos de utilizar os materiais existentes no stock da costureira e reinventar reutilizando. 
Quarto, o tempo de execução era limitado.

Todos os finais do dia, depois da escola e trabalho, a máquina de costura saía do seu esconderijo, as fitas, tecidos, tesouras, invadiam a sala e os ajudantes duendes, colaboraram com a costureira, sem fazer confusão, e muito curiosos ficavam expectantes para ver a nova página, o novo jogo, e finalmente brincar, a fase mais importante do processo construtivo

O resultado foi este - Um livro de 12 páginas, interactivas, com acabamentos e desenhos ao estilo naïf, com jogos de diferentes graus de complexidade, para acompanhar nos próximos 5 anos a sua principal utilizadora.

O próximo projecto será para o índio grande, que foi pedindo ao longo da execução do mesmo, que a mãe fizesse um livro assim para ele brincar. Vamos ver se arranjamos tempo e vontade

a capa do livro com alça e mola de fechar
pagina 1 - percurso de missangas
página 2 - nuvem voadora, ondas flutuantes e caranguejo tímido
página 3 - tear de fitas
página 4 - máquina fotográfica, com fotografias da família e amigos para trocar  
página 5 - arco-íris 1,2,3,4,5,6,7
página 6 - lavar, estender, secar e arrumar no cesto
página 7 - Labirinto das borboletas
página 8 - prende as molas da saia, levanta a saia e vê!

pagina 8 - aperta os atacadores
página 9 - empilha as argolas 
contra capa - vaso de flores coloca no sitio

quinta-feira, janeiro 28, 2016

A encomenda do Pai Natal - Nuvem das texturas e cores

Nuvem das texturas e cores

Menina Laura
Menina Ana Luís
Menino António

Para os mais pequeninos explorarem, com as mãos, boca e olhos, as cores e texturas diferentes, criamos um céu cheio de nuvens bebés, sonolentas e fofinhas, coloridas com arco-íris.




A encomenda do Pai Natal - Portachaves

Portachaves 

menina Graça
menina Teresa
menina Cristina
menina Rosa




Mais um projecto em que o índio mais velho participou desenhando cada uma das meninas da lista do Pai Natal.
Vejam lá se não estão bonitas, parecidas...

A encomenda do Pai Natal - Bolsinhas para a maquilhagem

Para ir ao encontro do pedido de uma princesa especial, que queria muito uma bolsinha para guardar os seu batons...

Bolsinha para a maquilhagem

Menina Margarida
Menina Ana, avó
Menina Lu, avó
Menina Hermínia
Menina Filomena



E com a ajuda dos índios, que andaram os dois meses muito entusiasmados e curiosos com estes projectos, pois foi lhes incutida a grande responsabilidade da experimentação, personalizamos algumas das encomendas do Pai Natal. 




quarta-feira, janeiro 27, 2016

A encomenda do Pai Natal - Sacolas, Câmara fotográfica digital

Continuando a desvendar a lista do Pai Natal...

Sacola, Câmara fotográfica digital:

Menino Manel
Menina Ana Jorge
Menina Antónia

Aquelas canetas de pintar em tecido, que estavam esquecidas juntos dos marcadores normais de papel, de repente deram-me uma ideia que me parecia genial! o mais difícil foi inventar onde buscar o tecido branco e o plástico sem ir ás compras, já que por estas bandas não é fácil encontrar esses materiais. Resultado,  um avental e um lençol branco esquecidos na gaveta, as embalagens de plástico que embrulhavam a ultima capa de endredon que compramos cá para casa. Done! Mãos à obra.










Só um reparo. Supostamente a máquina fotográfica digital, seria para transportar, guardar, as fotografias mais especiais dos meninos com a família, para depois serem trocadas no visor ao gosto de cada um. Mas o duende que faz as reproduções fotográficas foi operado ao apêndice e esteve de baixa alguns dias, deixando esse pormenor da prenda para os pais fazerem!
Pelo que sei, isso nem foi importante, pois todos os meninos transportam na sua máquina fotográfica digital, objectos 3D, o que quer dizer que acabamos de fazer grande inovação na área da fotografia digital.

A encomenda do Pai Natal - Sacola, Pista de carros

Agora que o Pai Natal, está de férias grandes nos trópicos, já tenho autorização para desvendar e mostrar o pedido da encomenda feita por ele no inicio de Novembro de 2015.

Sacola, Pista de carros:

Menino Lucas, 
Menino Pedro, 
Menino José M. 

Mais uma vez, com a ajuda do pinterest, alguma imaginação, e improviso com os materiais que existiam em armazém, casa, dei forma às pistas de carros. Umas mais elaboradas que outras, pois o tempo começou a apertar, mas todas com o mesmo tamanho e funcionalidade....






E se fossemos dar uma voltinha? Destino, Conda, Tocota, Fazenda rio Uiri, Seles

Fim-de-semana prolongado de três dias, é o mesmo que dizer, sair de Luanda já e obrigatoriamente.

De novo com sede de verde e de ar puro, decidimos ir para a província do Kwanza Sul interior, mais concretamente Conda, Tocota, Seles, caracterizada por um clima tropical de chuva e humidade e por conseguinte, muito densa de vegetação, prospera para a agricultura. Região de cultivo de café e algodão, batata-doce, mandioca, banana e ananás e onde nascem abundantemente na floresta cogumelos selvagens a apetecer comprar e cozinhar. Parámos na estrada junto às crianças que os mostram, para vender aos automobilistas que passam, perguntamos como se cozinhavam, “mete ná água, láva, mete outra vez ná agua, láva, mete ólio e tomaté ná panela e os cogumelos e já está.” Pareceu-me bem! Mas tomate com cogumelos? Hummm, vou experimentar qualquer dia esta variante tropical!

Saímos de Luanda em direcção a Porto Amboim onde de repente nos vimos envoltos no cortejo Comício do MPLA, muitos carros, muita música muitas bandeiras, senhoras vestidas a rigor, com o lenço amarelo canário à cabeça, e as pessoas à beira da estrada a dançar ou simplesmente a olhar, alguns a acenar  bandeiras da oposição, os índios perguntavam o que era aquilo  e quem era a fotografia daquele senhor, que estava colado em todas as viaturas e motas! Nem sei o que respondemos, algo como, é o senhor que governa o país e está a dar a conhecer-se às pessoas, chama-se Presidente da República, a nossa sorte é que rapidamente se focaram nos barcos no mar e nas cabrinhas á beira da estrada.
Seguindo para sul e depois para o interior, é paragem obrigatória, para o retrato turístico, as quedas de água da Binga, (já fomos um , já fomos dois, agora somos quatro…), um verdadeiro oásis,  índios descalços a correr, chapinhar e escalar as rochas junto á cascata. À chegada é preciso escrever no livro de visitantes e pagar 100Kz adultos e 50Kz crianças, e existe um pequeno parque de merendas que foi reabilitado recentemente, a ver pela cor das pinturas. Logo ali conhecemos a avó Maria, que faz a manutenção do espaço, à qual fizemos perguntas, há jacaré aqui? Sim mãe ! e cobras venenosas? Sim mãe, e a água do rio sobem muito? Sim mãe! Ah muito bem!  e eu,  que já ali acampei há uns anos atras, debaixo daquela arvore à beiro do rio! Melhor não perguntar mais nada, Uíí!  Aquela senhora já ficou marcada no imaginário infantil dos índios, pois no outro dia alguém me perguntou, a avó Maria é quem faz as bolachas maria, mamã? Hein?? Sim, ela sabe fazer bolachas maria!!










De volta ao carro seguimos viagem, penetrando cada vez mais numa explosão de verde e vegetação, pintalgada de quando, em quando, por aldeias intactas de casinhas de barro ocre e laranja e telhados de colmo, e já algum zinco, adultos e crianças carregados de lenha à cabeça a caminhar nas bermas da estrada e muita crianças umas com alguidares com cogumelos e colares de caracóis sem casca, para vender, outras com bicicletas de madeira e pneus vazios a brincar, e todas, todas, acenar com um sorriso na cara! Ádeus ámigo! Adeus, dizem os índios que pediam para abrir a janela para responder aos meninos, e assim foi.

Os rios iam aparecendo, assim como as pontes e as curvas, a seguir umas às outras, a lembrar uma mini Serra da Leba, contaram-se 290 e tal! Palmeiras, bananeiras, campos de mandioca e o café, até aparecerem as montanhas de rocha, a lembrar que talvez em tempos remotos, morasse por ali um gigante que chateado com a vida deu um pontapé num monte de pedras e as espalhou aleatoriamente formando aquela paisagem que agora nos deleitava, obrigada senhor gigante pela sua fúria.






Chegados à fazenda do Rio Uiri, sentimos logo que estávamos em casa, ambiente acolhedor, ar do campo, simples, animais da quinta, flores e rosas de porcelana por todo o lado, antigos armazéns de preparação da tapioca e café albergam a zona das refeições, uma varanda sobre a floresta tropical convida a relaxar, e o cheiro de terra molhada depois de uma chuvada no início da tarde. Índios á solta, felizes a correr e explorar os espaços circundantes sem fronteiras. Que barulho é este? e, o que é aquilo?





À noite toca a sineta para o início das refeições e a sala enche-se de hospedes que se misturam nas mesas distribuídas pelo salão, a criançada que era muita andava á solta dividida entre os chamamentos dos pais para se sentarem à mesa e a sala ao lado com matraquilhos, ping-pong e snooker. O serão continua ao ar livre na clareira da fogueira que convida a sentar ao seu redor nos banquinhos improvisados feitos de troncos de árvore. Alguém toca guitarra e cantam-se fados e outros tons, e a Dona Odete e o Sr. Mário, oferecem uns miminhos para afinar as vozes, licores caseiros de aguardente de frutos da fazenda, gengibre, ananás, maracujá, e a acompanhar, filhoses! Pois é, até parecia o natal, tropical!

Amanhece cedo com a claridade e com a passarada a cantar, para despertar que tal uma caminhada de 2 horas pelos arredores, para conhecer a fazenda, os campos, as pedras gigantes, a floresta? Vamos a isso, que se faz tarde, lenço a tiracolo com o índio ao colo, que o índio grande já vai a caminhar! Repor de novo os níveis de clorofila da mente! O grupo era misto, entre franceses e argentinos e a nossa família de índios, o guia, um dos trabalhadores da fazenda, com muita paciência la ia abrindo caminho com a catana na mão, não fosse também aparecer uma cobrita daquelas venenosas tão comuns por aquelas bandas, existem pelo menos 5 espécies diferentes, e explicava o nome das árvores, e plantas, o nome dos cogumelos, das pedras gigantes e das aldeias que se avistavam, aprendi com ele que os “brancos não tem gigongos, gêmeos, agora nós sim temos, Eu cá tive 6 filhos, 3 pares de gingongos, a minha mulher era assim forte e se não desse gingongos até era pena” Cá está, é o que se diz, rentabilizar a mulher.

A verdade é que nesta terra não são só as mulheres que são férteis, também a terra o é, a ver pelo tamanho dos maracujás, e das flores...

O passeio deu frutos educacionais, já sabemos como nasce a tapioca, que é um tubérculo, logo cresce debaixo da terra, quais são as folhas da quissaka, como é o pé do café, que os ananases crescem no chão e as papais no ar, e muito importante, ver ao vivo a cabrinha a balir, méééééé´, méééééé´, em competição e a responder ao riso do Índio pequeno, que ao perceber que é aquele animal que faz aquele ruído não se conseguiu conter em risadas contagiantes.

O nosso guia disse, esse candengue vai marcar no seu pensamento esta caminhada para contar depois aos seus filhos! E eu pensei, e eu vou relembrar-lhe sempre que possa para não ficar perdido nos seus pensamentos.








Depois do almoço chove, e o cheiro a terra molhada volta, e em modo de passeio e descanso das pernas, visitamos de carro a vila a seguir, Seles.  O caminho é lindo, as aldeias surgem ao longo da estrada que serpenteia a paisagem tropical, de novo crianças, e pessoas na estrada e como é domingo à tarde, há jogo de futebol nos campos improvisados de cada aldeia, que tem como pano de fundo uma paisagem idílica de floresta e montanhas e terra vermelha a contrastar! Seles, parece estar esquecida no tempo, jardim central, com alamedas laterais largas com dois sentidos cada, e os edifícios públicos consideravelmente estimados ainda de pé, podem se ver alguns edifícios com marcas, balas e bombardeios, do passado pré-paz, e não deu para mais passeios que se fazia tarde e escuro, e a sineta para jantar já entoava na nossa mente esfomeada.





Mais uma noite, mais uma manha, um pequeno-almoço demorado, mais uma voltinha á fazenda um adeus aos animais e plantas, um mergulho na piscina, malas na mala e índios sentados, uma fotografia de grupo em modo de despedida, próximo destino, Termas da Tocota.








Tocota, trata-se de umas termas de águas quentes sulfurosas? que brotam da montanha que através de um tanque que foi ali construído convidam a banhos os visitantes e principalmente os habitantes da região. Para nós fica para uma outra ocasião, em época de cacimbo e á noite, saberá melhor, que nós gostamos da nossa privacidade… 

No caminho ainda dá tempo para uma paragem técnica para comprar os Quitutes da terra, Produtos da terra, banana, ananas, batata-doce, beringela, pimento, cebola, cahombos piripiri, cebola, quiabos e milho assado para o caminho, pois a caminhada será grande.

Mais uma vez chegamos a casa cansados, mas com as baterias carregadas de boas memórias.

E mais fins-de-semana grandes não há?