Fim-de-semana prolongado de três dias, é o mesmo que dizer,
sair de Luanda já e obrigatoriamente.
Saímos de Luanda em direcção a Porto Amboim onde de repente
nos vimos envoltos no cortejo Comício do MPLA, muitos carros, muita música
muitas bandeiras, senhoras vestidas a rigor, com o lenço amarelo canário à cabeça,
e as pessoas à beira da estrada a dançar ou simplesmente a olhar, alguns a
acenar bandeiras da oposição, os índios
perguntavam o que era aquilo e quem era
a fotografia daquele senhor, que estava colado em todas as viaturas e motas! Nem
sei o que respondemos, algo como, é o senhor que governa o país e está a dar a
conhecer-se às pessoas, chama-se Presidente da República, a nossa sorte é que
rapidamente se focaram nos barcos no mar e nas cabrinhas á beira da estrada.
Seguindo para sul e depois para o interior, é paragem
obrigatória, para o retrato turístico, as quedas de água da Binga, (já fomos
um , já fomos dois, agora somos quatro…), um verdadeiro oásis, índios descalços a correr, chapinhar e
escalar as rochas junto á cascata. À chegada é preciso escrever no livro de
visitantes e pagar 100Kz adultos e 50Kz crianças, e existe um pequeno parque de
merendas que foi reabilitado recentemente, a ver pela cor das pinturas. Logo
ali conhecemos a avó Maria, que faz a manutenção do espaço, à qual fizemos
perguntas, há jacaré aqui? Sim mãe ! e cobras venenosas? Sim mãe, e a água do
rio sobem muito? Sim mãe! Ah muito bem! e
eu, que já ali acampei há uns anos atras,
debaixo daquela arvore à beiro do rio! Melhor não perguntar mais nada, Uíí! Aquela senhora já ficou marcada no imaginário
infantil dos índios, pois no outro dia alguém me perguntou, a avó Maria é quem
faz as bolachas maria, mamã? Hein?? Sim, ela sabe fazer bolachas maria!!
De volta ao carro seguimos viagem, penetrando cada vez mais numa explosão de verde e vegetação, pintalgada de quando, em quando, por aldeias intactas de casinhas de barro ocre e laranja e telhados de colmo,e
já algum zinco, adultos e crianças carregados de lenha à cabeça a
caminhar nas bermas da estrada e muita crianças umas com alguidares com
cogumelos e colares de caracóis sem casca, para vender, outras com bicicletas
de madeira e pneus vazios a brincar, e todas, todas, acenar com um sorriso na
cara! Ádeus ámigo! Adeus, dizem os índios que pediam para abrir a janela para
responder aos meninos, e assim foi.
Os rios iam aparecendo, assim como as pontes e as curvas, a seguir umas às outras,a lembrar uma mini Serra da Leba, contaram-se 290
e tal! Palmeiras, bananeiras, campos de mandioca e o café, até aparecerem as
montanhas de rocha, a lembrar que talvez em tempos remotos, morasse por ali um
gigante que chateado com a vida deu um pontapé num monte de pedras e as
espalhou aleatoriamente formando aquela paisagem que agora nos deleitava, obrigada
senhor gigante pela sua fúria.
Chegados à fazenda do Rio Uiri, sentimos logo que estávamos em casa, ambiente acolhedor, ar do campo, simples, animais da quinta, flores e rosas de porcelana por todo o lado, antigos armazéns de preparação da tapioca e café albergam a zona das refeições, uma varanda sobre a floresta tropical convida a relaxar, e o cheiro de terra molhada depois de uma chuvada no início da tarde. Índios á solta, felizes a correr e explorar os espaços circundantes sem fronteiras. Que barulho é este? e, o que é aquilo?
À noite toca a sineta para o início das refeições e a sala enche-se de hospedes que se misturam nas mesas distribuídas pelo salão, a criançadaque era muita andava á solta dividida entre os chamamentos dos
pais para se sentarem à mesa e a sala ao lado com matraquilhos, ping-pong e snooker.
O serão continua ao ar livre na clareira da fogueira que convida a sentar ao
seu redor nos banquinhos improvisados feitos de troncos de árvore. Alguém toca
guitarra e cantam-se fados e outros tons, e a Dona Odete e o Sr. Mário,
oferecem uns miminhos para afinar as vozes, licores caseiros de aguardente de
frutos da fazenda, gengibre, ananás, maracujá, e a acompanhar, filhoses!
Pois é, até parecia o natal, tropical!
Amanhece cedo com a claridade e com a passarada a cantar, para despertar que tal uma caminhada de 2 horas pelos arredores, para conhecer a fazenda, os campos, as pedras gigantes, a floresta? Vamos a isso, que se faz tarde, lenço a tiracolo com o índio ao colo, que o índio grande já vai a caminhar! Repor de novo os níveis de clorofila da mente! O grupo era misto, entre franceses e argentinos e a nossa família de índios, o guia, um dos trabalhadores da fazenda, com muita paciência la ia abrindo caminho com a catana na mão,não fosse também aparecer uma cobrita daquelas venenosas tão
comuns por aquelas bandas, existem pelo menos 5 espécies diferentes, e
explicava o nome das árvores, e plantas, o nome dos cogumelos, das pedras
gigantes e das aldeias que se avistavam, aprendi com ele que os “brancos não
tem gigongos, gêmeos, agora nós sim temos, Eu cá tive 6 filhos, 3 pares
de gingongos, a minha mulher era assim forte e se não desse gingongos até era
pena” Cá está, é o que se diz, rentabilizar a mulher.
A verdade é que nesta terra não são só as mulheres que são férteis, também a terra o é, a ver pelo tamanho dos maracujás, e das flores...
O passeio deu frutos educacionais, já sabemos como nasce a tapioca, que é um tubérculo, logo cresce debaixo da terra, quais são as
folhas da quissaka, como é o pé do café, que os ananases crescem no chão e as
papais no ar, e muito importante, ver ao vivo a cabrinha a balir, méééééé´,
méééééé´, em competição e a responder ao riso do Índio pequeno, que ao perceber
que é aquele animal que faz aquele ruído não se conseguiu conter em risadas
contagiantes.
O nosso guia disse, esse candengue vai marcar no seu pensamento esta caminhada para contar depois aos seus filhos! E eu pensei, e eu vou relembrar-lhe sempre que possa para não ficar perdido nos seus pensamentos.
Depois do almoço chove, e o cheiro a terra molhada volta, e em modo de passeio e descanso das pernas, visitamos de carro a vila a seguir, Seles. O caminho é lindo, as aldeias surgem ao longo da estrada que serpenteia a paisagem tropical, de novo crianças, e pessoas na estrada e como é domingo à tarde, há jogo de futebol nos campos improvisados de cada aldeia, que tem como pano de fundo uma paisagem idílica de floresta e montanhas e terra vermelha a contrastar! Seles, parece estar esquecida no tempo, jardim central, com alamedas laterais largas com dois sentidos cada, e os edifícios públicos consideravelmente estimados ainda de pé, podem se ver alguns edifícios com marcas,balas e bombardeios, do
passado pré-paz, e não deu para mais passeios que se fazia tarde e escuro, e a
sineta para jantar já entoava na nossa mente esfomeada.
Mais uma noite, mais uma manha, um pequeno-almoço demorado, mais uma voltinha á fazenda um adeus aos animais e plantas, um mergulho na piscina, malas na mala e índios sentados, uma fotografia de grupo em modo de despedida, próximo destino, Termas da Tocota.
Tocota, trata-se de umas termas de águas quentes sulfurosas? que brotam da montanha que através de um tanque que foi ali construído convidam a banhos os visitantes e principalmente os habitantes da região. Para nós fica para uma outra ocasião, em época de cacimbo e á noite, saberá melhor, que nós gostamos da nossa privacidade…
No caminho ainda dá tempo para uma paragem técnica para comprar os Quitutes da terra,Produtos da terra, banana, ananas, batata-doce, beringela, pimento, cebola, cahombos piripiri, cebola, quiabos e milho assado para o caminho, pois a caminhada será grande.
Mais uma vez chegamos a casa cansados, mas com as baterias carregadas de boas memórias.
De novo com sede de verde e de ar puro, decidimos ir para a
província do Kwanza Sul interior, mais concretamente Conda, Tocota, Seles,
caracterizada por um clima tropical de chuva e humidade e por conseguinte,
muito densa de vegetação, prospera para a agricultura. Região de cultivo de
café e algodão, batata-doce, mandioca, banana e ananás e onde nascem
abundantemente na floresta cogumelos selvagens a apetecer comprar e cozinhar.
Parámos na estrada junto às crianças que os mostram, para vender aos
automobilistas que passam, perguntamos como se cozinhavam, “mete ná água, láva,
mete outra vez ná agua, láva, mete ólio e tomaté ná panela e os cogumelos e já
está.” Pareceu-me bem! Mas tomate com cogumelos? Hummm, vou experimentar
qualquer dia esta variante tropical!
De volta ao carro seguimos viagem, penetrando cada vez mais numa explosão de verde e vegetação, pintalgada de quando, em quando, por aldeias intactas de casinhas de barro ocre e laranja e telhados de colmo,
Os rios iam aparecendo, assim como as pontes e as curvas, a seguir umas às outras,
Chegados à fazenda do Rio Uiri, sentimos logo que estávamos em casa, ambiente acolhedor, ar do campo, simples, animais da quinta, flores e rosas de porcelana por todo o lado, antigos armazéns de preparação da tapioca e café albergam a zona das refeições, uma varanda sobre a floresta tropical convida a relaxar, e o cheiro de terra molhada depois de uma chuvada no início da tarde. Índios á solta, felizes a correr e explorar os espaços circundantes sem fronteiras. Que barulho é este? e, o que é aquilo?
À noite toca a sineta para o início das refeições e a sala enche-se de hospedes que se misturam nas mesas distribuídas pelo salão, a criançada
Amanhece cedo com a claridade e com a passarada a cantar, para despertar que tal uma caminhada de 2 horas pelos arredores, para conhecer a fazenda, os campos, as pedras gigantes, a floresta? Vamos a isso, que se faz tarde, lenço a tiracolo com o índio ao colo, que o índio grande já vai a caminhar! Repor de novo os níveis de clorofila da mente! O grupo era misto, entre franceses e argentinos e a nossa família de índios, o guia, um dos trabalhadores da fazenda, com muita paciência la ia abrindo caminho com a catana na mão,
A verdade é que nesta terra não são só as mulheres que são férteis, também a terra o é, a ver pelo tamanho dos maracujás, e das flores...
O passeio deu frutos educacionais, já sabemos como nasce a tapioca,
O nosso guia disse, esse candengue vai marcar no seu pensamento esta caminhada para contar depois aos seus filhos! E eu pensei, e eu vou relembrar-lhe sempre que possa para não ficar perdido nos seus pensamentos.
Depois do almoço chove, e o cheiro a terra molhada volta, e em modo de passeio e descanso das pernas, visitamos de carro a vila a seguir, Seles. O caminho é lindo, as aldeias surgem ao longo da estrada que serpenteia a paisagem tropical, de novo crianças, e pessoas na estrada e como é domingo à tarde, há jogo de futebol nos campos improvisados de cada aldeia, que tem como pano de fundo uma paisagem idílica de floresta e montanhas e terra vermelha a contrastar! Seles, parece estar esquecida no tempo, jardim central, com alamedas laterais largas com dois sentidos cada, e os edifícios públicos consideravelmente estimados ainda de pé, podem se ver alguns edifícios com marcas,
Mais uma noite, mais uma manha, um pequeno-almoço demorado, mais uma voltinha á fazenda um adeus aos animais e plantas, um mergulho na piscina, malas na mala e índios sentados, uma fotografia de grupo em modo de despedida, próximo destino, Termas da Tocota.
No caminho ainda dá tempo para uma paragem técnica para comprar os Quitutes da terra,
Mais uma vez chegamos a casa cansados, mas com as baterias carregadas de boas memórias.
2 comentários:
Obrigada pelas descrições e pela viagem.
Senti-me um bocadinho lá...
Sobre os cogumelos com tomate, resulta mesmo mt bem. Ainda hj o vou fazer para o jantar.
Refugado de alho, uns 4 tomates bem madurinhos e qdo o molho de tomate estiver pronto, juntam-se os cogumelos naturais, de preferência dos grandes.
Beijinho, bons passeios e boas comidas
Obrigada amiga também fiquei curiosa tenho um projecto em mãos com cogumelos depois vou partilhar! Bj
Enviar um comentário