sexta-feira, abril 24, 2015

E se fossemos dar uma voltinha - Destino, Kosi Bay Nature Reserve - South Africa

Um dos locais que visitamos e pernoitamos alguns dias, nas férias da Páscoa, fica na costa norte de Africa do Sul a uns escaços 30Km com a fronteira com Moçambique é a chamada Wetland Park Isimangaliso no norte de KwaZulu Natal, Kosi Forest.
Trata-se de uma região costeira, património mundial chamada Isimangaliso, o seu ecossistema é único e muito diverso em termos de avifauna, floresta costeiras raras e outras criaturas, por exemplo um tipo de tartaruga marinha que vem desovar naquela zona dunar em Novembro, claro que não tivemos essa sorte pois Novembro ainda vem longe.
O que nos suscitou mais interesse neste local foi o seu isolamento de tudo e a sua envolvência ser muito eco friendly.  
A começar pelo caminho para lá chegar que apenas permite o acesso a todo terreno, o que nos permitiu ir num carro daqueles abertos com várias cadeiras em anfiteatro de safari, para delícia dos índios que nunca tinham andado, porque não é permitido para crianças menores de 5 anos nas reservas. À chegada pediram-nos para assinar um documento em que nos responsabilizávamos e tínhamos conhecimento por estar numa zona de animais selvagens e dos possíveis perigos que poderíamos estar sujeitos, também nos foi informado que não existia energia eléctrica, apenas a do gerador que este deixa de funcionar das 22h às 7h, porreiro! nada de novo para nós! E lá fomos nós atrás do recepcionista, por caminhos de areia iluminado por archotes até ao nosso pequeno chalé, feito de estrutura de madeira, paredes de rede e oleados, que descem durante a noite, telhado de palha, camas com rede mosquiteira, e uma banheira ao ar livre que fez a delícia de todos ao fim da tarde antes do jantar.
 


Durante a noite podíamos ouvir tudo, tudo, todos os dias identificámos ruídos diferentes, que em conversa com o gerente do lodge, nos disse ser possível ser de javali, ou dos hipopótamos que durante a noite saem dos lagos e vêm comer à floresta, e muitos pássaros, e outras coisas que nem quero saber de quem eram os tais sons!
O dia começava cedo e cedo acabava, o jantar era ás 19h e alvorada ás 6h com a luz do dia a marcar passo e quando abríamos a porta já alguém tinha deixado um jarro com leite e agua fervida com bolinhos torrados para acordar melhor, os índios monopolizaram logo esse avant-petit-dégener, a mim fez me lembrar algo que não tem nada a ver, que era o pão e as garrafas de leite que eram deixadas de madrugada na porta das casas no Portugal passado.

O receio que tínhamos de nos podermos chatear num sítio isolado presenteou-nos com diversas atividades ao ar livre, no meio da natureza selvagem, mesmo o que nós precisávamos.
No primeiro dia, fizemos um passeio de canoa num dos diversos lagos da reserva onde vivem os hipopótamos, mas só vimos pássaros e nenúfares. Um passeio a pé com direito a explicações de botânica pelo nosso guia local, na floresta de fetos e das palmeiras ráfia, que pelos vistos é uma espécie rara e protegida das zonas costeiras. Foi nos ensinada a sua semente e o seu ciclo de vida.  A casca mole do fruto serve de alimento aos pássaros que depois abandonam a semente e esta leva 5 anos a germinar, depois cresce e a partir do momento em que dá fruto começa o processo de degradação / morte da palmeira, mas que pode levar anos. Com direito a andar nas cavalitas do guia e de passar as margens de um dos lagos numa canoa rudimentar utilizada pelos locais.

 
 
 
 
 
No segundo dia o programa era ir de barco até ao lago principal ver os hipopótamos e fazer um picnic na zona dunar já na praia da costa do índico, mas choveu o dia todo e nós decidimos ir na mesma, o que tornou tudo ainda mais selvagem e misterioso, os índios portaram-se melhor do que nunca nada de choros de birras e debaixo do oleado que nos forneceram e que usamos os dia todo lá espreitavam atentos para não escapar nada, afinal ainda tínhamos de descobrir os tão famosos hipopótamos. Percorremos as 4 lagoas da reserva num barco tipo lancha mas chovia tanto que algumas partes do percurso mantínhamos-nos  escondidos debaixo do oleado, mesmo assim vimos os cercos feitos pelos pescadores locais para apanhar os peixes que vem desovar naquelas lagoas, e no fim quando já mentalizados que os hipopótamos iam ficar para uma outra viagem , lá estavam eles, a família completa no meio do lago a olhar para nós, tirámos uma foto bem tremida que nem dá para mostrar, mas ficou tudo retino na memória. O pic-nic acabou por ser feito numa palhota refúgio dos pescadores locais que nos cederam para o almoço, e porque não podíamos ficar sem ver as tais praias selvagens do índico onde desovam as tartarugas lá fomos nós sob uma chuva densa tropical pelo caminho fora até á praia, os nossos companheiros ingleses ainda deram um mergulho, mas o índio M decidiu adormecer no babysling na caminhada e ficamos apenas pelo desejo de ter tido um dia de sol e de que teríamos dado muitos mergulhos naquele mar turquesa e translúcido. As fotografias foram todas de telemóvel, pois com tanta chuva e humidade, e com os índios sempre debaixo da nossa asa, nem nos atrevemos a mais malabarismos com a máquina fotográfica.




 
No final estávamos encharcados até á alma, cansados e felizes e para rematar em perfeição enchemos a banheira do quintal com água quente (sim, havia agua quente do esquentador) e deliciámo-nos com a luz do fim de tarde e dos ruídos da floresta e um jantar gourmet.


Como se diz aqui pela banda, vidas mulatas!
NOTA: as fotografias são todas do telemóvel porque a internet não "me deixa" colocar as que gostaria mesmo de mostrar, para aqueles mais próximos haverão oportunidades para mostrar tudo em pleno.

1 comentário:

mae de duas disse...

Obrigada pelas descrições... Gostei mto de ler. Quando fechava os olhos, quase que me sentia lá.

E faz-me também sentir mais perto de vós.

Obrigada